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domingo, 21 de agosto de 2011

Minimamente Feliz , por Leila Ferreira

Minimamente Feliz

A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.


Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café
recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.


'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.


Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular:

'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.

Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.
Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.


Leila Ferreira, jornalista

domingo, 10 de julho de 2011

O NÓ DE AFETO

O NÓ DE AFETO

Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos; pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.

Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.

Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana, porque, quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo e, quando voltava, já era muito tarde, e o garoto não mais estava acordado.

Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir, indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado.

O nó era o meio de comunicação entre eles.

A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da sua turma.

Autor desconhecido

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um dia de cada vez

A passagem do tempo,
técnica mista, colagem
by Maria Avila

Não podendo se locomover após um acidente, um homem passava seus dias em um leito já por um longo período, quando um amigo lhe perguntou: "Quanto tempo você ficará assim, sem poder sair da cama?", e lhe respondeu: "Somente um dia de cada vez."

Tendo passado por uma experiência semelhante pude observar como, durante a vida, nos queixamos de pequenas coisas, problemas só existentes em nossa mente e reclamamos da demora nas soluções de coisas que normalmente só nós podemos resolver.

Nunca temos tempo para nada, estamos sempre ocupados, com pressa, perdendo a hora para algo quando, de repente, em segundos, algo nos ocorre e passamos a ter todo o tempo do mundo.
Muitas vezes somos pessimistas, frustrados ou derrotados por antecipação, por não esperarmos mais. Somos muito imediatistas e apesar de tudo parecer demorado, distante, na realidade é muito rápido e perto.
As pessoas se deixam atingir por pequenas dificuldades que são passageiras e certamente serão substituídas por novas conquistas e momentos de alegria, como a vitória que é sempre mais gratificante após uma derrota.
Não há como se atingir um objetivo sem buscar por ele. A busca pode ser mais fácil ou difícil e a distancia pode ser curta ou longa, mas se lutarmos sempre será possível atingir nossos sonhos.

O tempo, as distâncias e as dificuldades só dependem do foco, do espaço e do local de onde são analisadas. Nada é demorado em termos de história da humanidade, nada é longe se estivermos perto e nada é tão difícil que seja impossível.
Há muito pouco tempo pessoas morriam de tifo, malária e muitas outras doenças que hoje são facilmente curáveis. O transporte de pessoas era feito a cavalo ou em carros de boi e em poucos séculos já é possível realizar viagens espaciais em menor tempo do que se levava para ir de uma cidade à outra.
Alguns sonhadores criavam histórias fantásticas nas revistas em quadrinhos, mais conhecidas como gibis, de viagens espaciais e homens que voavam com um simples propulsor pendurado em suas costas. Isso só era possível em suas mentes, mas influenciaram outros que buscaram realizar aquilo e tudo se tornou possível.
Coisas banais utilizadas atualmente, como televisão, fraldas descartáveis e embalagens conhecidas como 'longa vida' não eram sequer sonhadas cinquenta anos atrás. Produtos como os toca-fitas e vídeos cassetes surgiram e deixaram de ser utilizados em menos de vinte anos.
As descobertas para a cura de doenças ocorrem com cada vez maior velocidade e já se tornou comum a realização de transplantes de embriões e a clonagem de animais, ainda não realizada em humanos simplesmente por impedimentos legais, mas declarada possível por diversos cientistas. Com células do corpo humano já é possível criar órgãos sem os problemas anteriormente existentes.
Esse progresso no conhecimento pode ser notado com maior intensidade após a descoberta e uso da informática, quando a evolução passou a acontecer com cada vez maior rapidez. Atualmente essa própria tecnologia se torna obsoleta a cada ano, em decorrência das novas descobertas que ela mesma propicia.

Assim, cada vez mais rapidamente uma nova descoberta abrirá novos caminhos, que levarão a outras e assim sucessivamente poderemos fazer novos planos, alcançar os objetivos ainda não atingidos e traçar outros, mesmo que ainda sequer inimagináveis.
A cada dia novas possibilidades aparecem e o que ontem parecia impossível e hoje está difícil, amanhã será possível.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Promessas de Casamento

Estava lendo algumas crônicas de Marta Medeiros, e me deparei com um assunto que me fez pensar quando pintei esta página no meu " journal", que antigamente se chamava " diário".
Sempre gostei de ler; e escrever sobre meu dia-a-dia e depois analisar os fatos, já é praxe. Uma coisa é você escrever e guardar (e ai de quem pegar e ler). Outra é escrever um blog...puxa, é bem mais dificil.
Acho graça quando encontro algo escrito há muito tempo atrás e vejo que meus " desejos" foram realizados.
É verdade que quando a gente escreve o que quer todo o universo conspira a nosso favor. É uma questão de foco também, e saber o que se quer. Mas sobre casamento, quem tem estrela na testa?

Bem, ai vai o artigo de Marta Medeiros.


Promessas de Casamento
Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.
Martha Medeiros

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O QUE REALMENTE IMPORTA ?

O QUE REALMENTE IMPORTA ?

Preparados ou não, algum dia chegaremos ao fim.
Não haverá mais nascer do sol, nem minutos, horas ou dias.
Todas as coisas que você coletou, se estimado ou esquecido, passarão a alguma outra pessoa.
Suas riquezas, fama e poder temporal serão irrelevantes.
Não importará mais o que você possuiu ou o que lhe pertenceu.
Seus pertences, ressentimentos, frustrações e os ciumes desaparecerão, finalmente. Assim como, suas esperanças, ambições, planos e listas do-que-fazer expirarão.
As vitórias e as perdas que pareceram tão importantes se distanciarão. Não importará de onde você veio ou que lado você viveu nem se você era bonito ou brilhante. Mesmo seu gênero e cor da pele serão irrelevantes.

O que então importará?

Como o valor de seus dias serão medidos?
O que importará não é o que você comprou, mas o que você construiu;
não é o que você obteve, mas o que você deu;
não é seu sucesso, mas seu significado;
não é o que você aprendeu, mas o que você ensinou.
O que importará é cada ato de integridade, de compaixão, de coragem ou de sacrifício que o enriqueceu, lhe deu poder incentivando outros a seguir seu exemplo.
O que importará não é sua competência, mas seu caráter; nem quantas pessoas você conheceu, mas quantas sentirão sua falta quando você tiver partido para sempre.
O que importará não são suas memórias, mas as memórias vivas que ficarão naqueles que o amaram, e por quanto tempo, por quem e para quê você será lembrado.
Viver uma vida que vale a pena não acontece por acidente. Não é uma questão de circunstância mas de escolha.
Escolha viver uma vida que valha a pena.
Isto sim, é o que realmente importa.
( Autor desconhecido)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Transformação


Milho de Pipoca

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser quem devem ser.

O milho da pipoca não é o que deve ser.
Ele dever ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.

Assim acontece com a gente.

As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas.

Só que elas não percebem.

Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.

Dor.

Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o Pai , ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio.

Apagar o fogo.


Sem fogo o sofrimento diminui.

E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca dura, fechada em si mesmo.
Ela não pode imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: PUM! - e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.


Bom mas ainda temos o piruá que é o milho de pipoca que se recusa estourar.


São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar.

Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A sua presunção e o medo são a dura casca de milho que não estoura.

O destino delas é triste.

Ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca e macia.
Não vão dar alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.

Seu destino é o lixo...

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