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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Promessas de Casamento

Estava lendo algumas crônicas de Marta Medeiros, e me deparei com um assunto que me fez pensar quando pintei esta página no meu " journal", que antigamente se chamava " diário".
Sempre gostei de ler; e escrever sobre meu dia-a-dia e depois analisar os fatos, já é praxe. Uma coisa é você escrever e guardar (e ai de quem pegar e ler). Outra é escrever um blog...puxa, é bem mais dificil.
Acho graça quando encontro algo escrito há muito tempo atrás e vejo que meus " desejos" foram realizados.
É verdade que quando a gente escreve o que quer todo o universo conspira a nosso favor. É uma questão de foco também, e saber o que se quer. Mas sobre casamento, quem tem estrela na testa?

Bem, ai vai o artigo de Marta Medeiros.


Promessas de Casamento
Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.
Martha Medeiros

sábado, 20 de março de 2010

Familia Ávila

Uma brincadeira com as fotos da familia Ávila.

Uma forma de manter todos unidos e lembrar deles num relance só;
espalhados por este mundo afora, mundo este que cada dia fica menor.
O artista tem que brincar, assim como a criança.
É uma das maneiras de descobrir o mundo e a arte de viver e de fazer arte.
Nosso pai se foi aos 98 anos de idade, e minha mãe aos 88. Foram 68 anos de vida em comum, com muita fé e muito amor. Um exemplo.
Uns se foram, outros chegaram, alguns eu não tinha a foto, e a familia continua aumentando, sempre sonhando, fazendo arte, vivendo com alegria, e às vezes chorando de saudade, que na maioria das vezes, dói.... e o amor se mostra tão grande que mal cabe no peito.
O poema de Martha Medeiros me fez lembrar das diferentes formas de sentir saudade (uma palavra que não tem tradução, só sentimento)
........................
A Dor Que Dói Mais
por
Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que já morreu.
Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo,
quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto,
sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista,
mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la,
mas sabiam-se amanhã.
Mas quando o amor de um acaba,
ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber.
Não saber mais se ele continua se gripando no inverno.
Não saber mais se ela continua clareando o cabelo.
Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu.
Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista
como prometeu.
Não saber se ele tem comido frango de padaria,
se ela tem assistido as aulas de inglês,
se ele aprendeu a entrar na Internet,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua fumando Carlton,
se ela continua preferindo Pepsi,
se ele continua sorrindo, se ela continua dançando,
se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que
ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que
lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio
que nada preenche.
Saudade é não querer saber.
Não querer saber se ele está com outra,
se ela está feliz,
se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama,
e ainda assim, doer.
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